PSICOLOGIA É CIÊNCIA?
Dado a constante indagação acerca da cientificidade da Psicologia, tanto no meio acadêmico quanto no espaço comum, é que impulsionou a motivação para contribuir na observação das perspectivas que circundam o tema.
Primeiramente é preciso mencionar e compreender o arcabouço da ciência, o que é considerado científico por este universo de estudos. A investigação científica parte de uma afirmativa do senso comum, que assegura que algo é real, mas o embasamento que a sustentará vem sempre com colocações posteriores que remetem a tradição familiar, ao “ouvi dizer, mas funciona” ou ainda a cinematográfica frase do filme Auto da Compadecida – “num sei, só sei que foi assim”.
Normalmente, considera-se cientifico aquilo que a ciência consegue estabelecer métodos, pesquisas, testar e mensurar resultados, e novamente em um dado momento, utilizar-se dos mesmos procedimentos e alcançar resultados iguais. Fatalmente o que a ciência profere é tido como verdade, pois se pode comprovar e, além disto, o senso comum aquiesce tais dizeres.
A insistência de se atribuir qualidades científicas à Psicologia, elevando assim a sua credibilidade, quase que afirma que esta não é cientifica. Mas para não incorrer numa afirmativa conclusiva, diante de uma contemporaneidade digital e veloz, se faz necessária uma rápida alusão a Psicologia.
Que seja entendida a Psicologia, como estudo do homem e seu contexto representativo. Para tanto e devido à singularidade do ser humano e os fins deste estudo, a Psicologia dividiu-se em abordagens, permitindo assim dizer que não existe Psicologia, mas sim, Psicologias. E como tais, existem abordagens que permitem comprovar, mensurar dados, outras são subjetivas, estão arraigadas na singularidade do ser humano e seu contexto existencial.
O fato é que afirmações que descrevem o comportamento humano ou apresentam os resultados provindos de testes e pesquisas comprováveis, podem ser tidas como científicas. Entretanto, ao deslocar do descrever o comportamento para explicar, saímos do campo tido como cientifico para o campo subjetivo, onde o discurso descritivo pode vir acrescido de julgamento de valor.
Essa mudança sai da metodologia cientifica e adentra ao campo da humanidade com todos seus dramas e conflitos existenciais, vistos até então, nas novelas do horário nobre. São dados da singularidade subjetiva do sujeito, que compõem sua caracterização mesmo que poucos consigam perceber. E assim sendo, não conseguir provar está bem longe do significado de não existir.
Fazendo uma analogia alquimista, onde nem tudo que brilha é ouro, as Psicologias se dividem através dos comportamentos mensuráveis e perceptíveis. Entretanto, as universidades continuam com seus cursos em plena atividade, formando profissionais que seguiram as mais diversificadas abordagens teóricas, fato que por si, já representa um elo cientificista da Psicologia, uma vez que a ciência se baseia também em estudos.
Uma hipótese a ser levantada acerca da cientificidade da Psicologia, é que o seu não reconhecimento pleno como ciência, deve-se as opiniões ao longo dos tempos. Trata-se de um estudo recente no Brasil, e que além das suposições contemporâneas está cheia de técnicas, o que dificulta a possibilidade de ser enquadrada no campo da ciência, onde a lei da comprovação é imperativo absoluto.
Mas respondendo o questionamento que motivou esta dissertação, a Psicologia é uma ciência sim, mesmo que alguns autores defendam que está esteja em pleno processo de construção. E para tal construto há quem dirá que se está em construção é por que não existe. E nesta hora, vos direi, no entanto, mais do que perseguir estrelas, a ciência continua construindo, mudando seus conceitos de vez em quando. E por mais que estejamos aprendendo, se isso não for uma construção contemporânea, o que mais pode ser?
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